sexta-feira, 7 de maio de 2010

Arouca e sua História



Verdadeiro guardião de histórias, desde tempos remotos, o concelho de Arouca nasceu e foi-se desenvolvendo, como bem diz o povo, à sombra do seu Mosteiro, especialmente a partir da chegada a estas terras da Rainha Santa Mafalda, filha de D. Sancho I, neta de D. Afonso Henriques.
Terra de vales férteis e profundos, cortados por vários rios e abraçados pelas serras, desde cedo fixou povo. Fertilidade e isolamento, foi o que encontraram aqui os que à religião se quiseram dedicar. Por essa razão, Arouca faz assentar boa parte da sua identidade no Mosteiro, cuja imponência ainda hoje domina a povoação em que se insere.

Fruto de várias construções e reconstruções, o actual Mosteiro encontra raiz algures no século X, fundado por dois nobres de Moldes, Loderigo e Vandilo. No século XII, sob orientação de D. Toda Viegas, foram concedidos ao Mosteiro vários privilégios e doações por D. Afonso Henriques, consubstanciados nas duas Cartas de Couto, de 1132 e 1143.

No início do século XIII, já na posse da Coroa Portuguesa, o Mosteiro é deixado em testamento por D. Sancho I a sua filha D. Mafalda, que chega a Arouca entre 1217 e 1220, após um casamento não consumado com o Rei de Castela. Entrega-se totalmente à vida monástica e eleva o Mosteiro a uma época de absoluto esplendor.

Após a morte de D. Mafalda, o Mosteiro de Arouca continua a gozar de enorme prestígio, evocando a sua memória, a sua protecção e cultivando sua fama de santa.

Em 1256, após a morte de D. Mafalda, o Mosteiro continua a gozar de enorme prestígio, passando a evocar a sua memória, a sua protecção e a sua fama de santa, o que veio a transformar-se em culto. Aclamada como santa pelo povo, foi beatificada em 1792, tendo o seu corpo ficado em repouso numa urna de ébano, cristal, bronze e prata, numa ala da Igreja do Mosteiro, para onde foi trasladada em 1793 (um ano depois da sua morte).



O antigo couto de Arouca era formado pelos territórios da maioria das freguesias que actualmente compõem o concelho de Arouca. Eram elas: S. Bartolomeu de Arouca, Santo Estêvão de Moldes, Cabreiros, Albergaria da Serra, parte da freguesia de S. Salvador do Burgo, Santa Eulália, S. Miguel de Urrô, Várzea, Rossas, Santa Marinha de Tropêço e Chave. Em 1817, o concelho de Vila Meã do Burgo foi anexado ao de Arouca. Os municípios de Alvarenga e Fermêdo, após a sua extinção, viram também as suas freguesias tornarem-se arouquenses. Assim, passaram a pertencer a Arouca, em 1836, as freguesias de Santa Cruz de Alvarenga, Canelas, Janarde e Espiunca, e, em 1855, S. Miguel do Mato, Fermêdo, Escariz e Mansores. Em 1917, Covêlo de Paivó, que pertencia ao concelho de S. Pedro do Sul, foi também anexada, passando Arouca, a partir de então, a ter vinte freguesias.



O Mosteiro sempre assumiu, portanto, uma importância fundamental, seja ao nível da economia, da cultura e, obviamente, da religiosidade. Beneficiando de uma terra fértil, como o vale de Arouca, com o rio Arda e a protecção das montanhas da Freita, do Gamarão e da Mó, o Mosteiro de Arouca foi-se desenvolvendo, até assumir a imponência que hoje se lhe reconhece.

Também nos tempos da Reconquista teve um papel vital, contribuindo para a reorganização do território (tanto do ponto de vista económico como em termos de produtividade), para fixar e proteger a população (tanto física como espiritualmente).

A história de Arouca é, por isso, quase a história do seu Mosteiro. Aí, durante muitos séculos, o povo arouquense viveu, trabalhou, rezou e construiu a identidade que hoje lhe reconhecemos.